Sempre trabalhei só, até, então, era dia 14 de Março de 2004, ele chegou com seu jeito triste, desesperado, autoritário, com sua desesperança que me fazia buscar em mim o que não tinha para lhe dar, tem momentos, que a gente não tem nada em si para dar, é o momento que estamos vazios, estava, então fechando a bicicletaria, o seu Luis veio com sua revolta, e, não era para menos, sempre trabalhou e quantas casas construiu, quanto então produziu com suas mãos, e estava ali, sem dinheiro, sem ólhos, sem esperança, sem familia e desconfiado do amigo que ali estava, mas este amigo fazia um trabalho Vicentino que ele não compreendia, mas naquele anoitecer ele queria se matar e por mais que conversei não consegui demove-lo da sua decisão, no fundo eu sabia que êle não faria isso.
Tive receio como Vicentino que, naquele momento não teria força e nem palavras para conforta-lo, mas falei uma porção de coisas que naquele momento me veio à mente: "A oração feita com fé salvará o doente: o Senhor o levantará e se ele tiver pecados, será perdoado" Tiago 5,15, tambem náquele momento me apeguei com nosso Beato Ozanam que intercedesse naquele momento por nós, houve uma calmaria, gostaria de te-lo levado para casa: Pensei naquele momento da simplicidade de aproximar-me de Deus; "Aproximar-se de Deus, ou seja, viver no Reino dos Céus expressa-se em uma vida de fraternidade. Esta, porém, não significa a simples prática de uma caridade forçada ou esporádica. Um ato da caridade motivado por sentimentalismo, mêdo de Deus ou satisfação pessoal não é expressão de amor, cria depedência e acaba caindo no vazio." Padre Beto/JC.21/12/2003 www.padrebeto.com.br
O seu Luiz não se despediu, saiu na noite, atravessou a rua sem ólhos e sem sentido, seu corpo alto, negro esguio se foi na escuridão da noite sem lua. Ficou, sim a dor em mim de ve-lo ir.
No dia 01 de Abril ele conseguiu dar entrado na sua aposentadoria, que alegria tomou conta do seu ser!, Com o passar do tempo ele voltou a sentir-se o Luisão como era chamado quando mais jovem, a vida fluiu e com o que recebia da aposentadoria mantinha, então, seu barraco, sua vida, sua alegria, mas sua conversa comigo era sempre uma conversa que o fazia dependente de me ver como benfeitor, não fui mais visita-lo.
Tenho saudade, quero ve-lo novamente, ele vive!
P.Ramos
27Jan.2010